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Posts Tagged ‘paternidade’

família expandida: fone bone rompe-ferro

O post a seguir deveria ter sido publicado em agosto de 2010. Por qualquer motivo, ficou engavetado.

Ontem, foi aniversário de nosso cão em nossas vidas, e prefiro publicá-lo na integra, sem revisão, só por que ele merece.

Ah, o stress passou, e os pelos estão onde deveriam.

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Ultimamente o corredor de casa, a garagem e o quintal parecem aqueles cenários de bang-bang, com uns tufos rolando como aquela vegetação dos filmes. Só que aqui, são pelos.

Bone, nosso cachorro, está estressado. Já está tomando vitaminas, mas ainda não parou sua queda de pêlos.

Nosso excesso de cuidados com a higiene do bebê e o instinto materno ligado no 220v contribuem para isso.

Bone está conosco a menos de um ano, e segundo a veterinária, fez seu 1º aninho na virada do ano. Não sabemos nada sobre seus pais biológicos, achamos o coitado/danado no meio de um sítio, no Pico do Jaraguá. Sra. Paiéquemcria se apaixonou a primeira vista por aquele saco de ossos. Subnutrido, foi o presente de aniversário da Srta. B, em março de 2009.

saco de ossos

saco de ossos

Veio a nós em um momento importante, no início da gravidez do Sr. D.

Nossa família tinha acabado de passar pela dolorosa experiência do aborto de 2008, e aos 3 meses de gestação, a Sra. Paiéquemcria era uma pilha de ansiedade. Dá pra entender, também sentia isso. Qualquer punzinho encravado corríamos ao ginecologista.

O Bone, com a graça que é peculiar aos filhotes (fala sério, quem não gosta?), entreteu a Sra. Paiéquemcria. Ela, em troca, o mimou com brinquedinhos, roupas velhas, petiscos e muita ração (ênfase nos petiscos e muita ração). No trabalho, eu recebia boletins tele-sena (resultados de hora em hora) sobre a última proeza do nosso amigo canino.

A veterinária nos disse: “ele será sempre grato pelo que vocês estão fazendo por ele”.  Nós também somos gratos a ele, por ter nos “controlado” até o final da gestação do Sr. D.

Se em março era puro osso, hoje é um adolescente cheio de hormônios e desajeitado.

Fone Bone Rompe-ferro

Fone Bone Rompe-ferro

sr. paiéquemcria na revista crescer!!

A vida da gente é feita de contradições. Eu me contradizo sempre.

A Revista Crescer de agosto convidou cinco pais “blogueiros”, para darem dicas diferentes de cuidados com os filhos.

Adivinha qual o tema que me convidaram? Alimentação. O cara da salsicha descascada convidado para dar dicas de alimentação. Vê se pode.

A matéria foi dividida em cinco temas. Saúde (com o Aggeo Simões, pai da Ava), alimentação (comigo, vejam só…), viagem (com Gustavo Guimarães, pai do Matheus), tecnologia (com Jorge Freire, pai do Leonardo) e casamento (Renato Kaufmman, pai da Lúcia e padrastro da Maria). O nome de cada pai tá “linkado” com o blog deles. Recomendo a visita.

A matéria completa pode ser vista aqui, e a minha parte, aqui. Ou comprar a revista na banca, página 40. É a matéria de capa “Com a palavra, o pai”, feita pela Thais Lazzeri, editora-assistente de saúde e gravidez na revista e dona do blog “Comer é um Barato”.

Agora tô que não me aguento: entrevista para o blog da Ana Maria, citação no Podbility (Podcast da Bullet), Revista Crescer e até citação do Criador.

Só me falta a televisão. E o glamour.

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Sr. Paiéquemcria está nojento, “meu amor”.

mais tempo de licença-paternidade, parte 2

Muitos visitantes chegam ao blog pelo post em que reclamei da dificuldade de encontrar o pai em 5 dias, durante a licença-paternidade. Naquela postagem, colei um pedaço de uma reportagem do site Pais e Filhos, que entre outras coisas, falava no projeto que estendia a licença em 4 meses.

Muitos projetos diferentes estão sendo discutidos (10, 15, 30 dias e até os 4 meses), mas o que parece que vai ser validado é do 15 dias de licença e mais 30 dias de estabilidade no emprego, o Projeto de Lei 3935/08. No link você pode acompanhar a situação do projeto, que já está aprovado pela Câmara dos Deputados. Quero ver você entender o que quer dizer cada linha andamento do processo: “deferido”, “apense-se”, “retirado de pauta”, “vista ao deputado”…

Enquanto isso, nós pais ficamos torcendo para a filharada nascer de segunda-feira, e “ganharmos” o final de semana.

Para saber mais:

Revista Crescer:

G1.com:

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A Srta. B e o Sr. B nasceram em uma quarta-feira…

aposentando o balde

Depois de 7 meses, o Sr. D nos obrigou a aposentar a invenção mais legal dos últimos tempos (no mundo da paternidade): o balde para banho, vendido como Tummy Tub.

Ele nos obrigou a aposentá-lo, pois o Sr. D acredita que ficar sentadinho é coisa de bebê, que é grande pra essas coisas. Na verdade, acho que é porque sua protuberante barriginha já não deixava ficar confortável lá dentro.

A Srta. B, quando bebezinha, tomava banho de banheira. Gastava litros e litros de água, não cabia no nosso banheiro, e todo banho era uma molhadeira danada no nosso quarto.

Já o balde é uma beleza: pouquíssima água era gasta (entre 3 e 4 litros), cabe em qualquer canto, podíamos instalá-lo em cima da privada (com uma tampa do vaso rígida, é claro) e ainda ficava numa altura boa para o banho do pequeno. Fora o fato de que a água utilizada no banho era aproveitada para uma futura descarga.

Sr. D já dormiu durante o banho, e já foi confortado de suas cólicas outras dezenas de vezes.

Chegamos a dar banho de madrugada só para aliviar suas dores de barriguinha.

O balde vai deixar saudades…

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Agora está tomando banho de bacia. Não é bonita, nem ecologicamente correta como era o balde (gasta 3 vezes o tanto de água que ia no balde: 10 litros!!!), mas quebra o galho. E ainda cabe em cima do vaso sanitário.

Obs. 1: Obrigado ao pessoal do meu trabalho, que fez uma vaquinha e nos deram esse belo presente. Valeu!

Obs. 2: Outra coisa que também vai deixar saudades são as fraldas que ganhamos no chá de bebê do Sr. D, que duraram 6 meses! Eram quase todas tamanho M, e quebraram um galho enorme. Nosso bolso agradece a todos que tiveram participação nisso!

Obs. 3: Postagem não patrocinada! Divido minha opinião porque acho bacana mesmo.

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Sr. Paiéquemcria chegou a desejar um baldão para si, mas percebeu que isso já existe: ôfuro.

contando histórias :: missão virtual

Eu sei que já puxei saco/fiz jabá/recomendei o blog do meu irmão mais velho na semana passada, mas o danado se superou de novo! Vou tomar a liberdade (nem pedi pra ele) de reproduzir o texto na íntegra, pra não te dar chance de perder essa beleza de crônica de paternidade.

– Papai?
– Oi, filha.
– Senta aqui comigo.
– Claro, querida. Que que você quer?
– Histórinha, papai! Conta uma histórinha?

E lá vou eu. Em minha saga diária de inventar histórias. As preferidas envolvem uvas (isso aí, uvas. Vai entender…) e um passarinho que vive na árvore da casa da vovó. O resto do enredo é por minha conta e risco. E bota risco! As tramas precisam ser originais, senão:

– Não, papai, essa não. Outra.

Às vezes, eu crio histórias aleatórias, por puro entretenimento. Mas em outros momentos, acabo achando que essa é uma chance de incutir bons princípios e ensinamentos na mente da minha filha. E é nessas horas que uvas deixam de chupar chupetas, fazem orações de agradecimento e passarinhos dividem brinquedos com seus amigos de escola.

Fico tentando pensar num jeito de fazê-la entender verdades importantes, de ser educada de um jeito divertido e aprender um pouco sobre o Deus que eu amo, sobre as coisas certas, sobre ser obediente, sobre torcer pro São Paulo.

E acho que as histórias são um bom jeito para isso. Funcionaram comigo, afinal. Quer dizer, funcionam. Seja quando criança, freqüentando a biblioteca pública ao lado da minha escola no Bom Retiro ou lendo as dicas da revista Alegria. Seja agora, já adulto, extraindo valores dos bons romances que carrego pra todo lado embaixo do braço ou entendendo que através das Escrituras, Deus me mostra suas ilustrações e princípios – porque, em certos casos, não importa tanto a literalidade dos fatos, mas seu significado e efeito.

– Papai, conta uma história de você?
– Conto. Qual você quer?
– De você pequeno. Na bicicleta.

Agora ela deu de querer saber da minha infância.

A verdade é que pais são seres insondáveis, grandiosos, infalíveis, perfeitos – e eu tardo a me dar conta de que eu sou, para minha menininha, um herói. Seu mundo, sua história, tudo parece despertar a curiosidade dos filhos. E de alguma forma, é nesse olhar, nessa expectativa toda, que as crianças firmam sua referência.

Eu me lembro do meu pai enquanto eu ainda era criança. Ele era o homem mais forte, o melhor jogador de futebol, o motorista implacável, o churrasqueiro talentoso e, além do Magnum, o único cara bonito de bigode que poderia existir no mundo. E ele me contava as histórias sobre sua vida no sítio, sobre o pai que perdeu na infância, a vinda para a cidade grande… e me ensinou a andar de bicicleta!

E quem imaginaria que tirar as rodinhas da minha Caloi azul-marinho seria, décadas mais tarde, um grande exemplo de bravura e traria novamente à tona todo o sentimento de conquista e liberdade daquele dia? Quem diria que uma dolorosa cicatriz no joelho seria tão útil para ensinar a Nina sobre certos cuidados que devemos ter ao brincar com os amiguinhos – especialmente se for um pega-pega ultra-mega-super-rápido em volta de uma Kombi num chão cheio de areia?

Todo filho deseja conhecer seu pai. E nessa relação de descoberta, das pequenas coisas e das grandes conquistas, o relacionamento amadurece. No conhecimento transmitido, no aprendizado ensinado e nas histórias inventadas. Na troca de palavras e no toque, nisso se solidifica o amor e se edifica uma vida de cumplicidade. Nisso, um filho admira seu pai, o homem se apaixona por Deus, um pai se aproxima do filho, Deus se revela ao homem, um garoto escolhe seu time de futebol e a paternidade ganha um sentido assustador.

Às oito e meia ela dorme. Depois de ouvir uma ou duas histórias, eu cubro minha menina, oro por ela uma outra vez, desejo que tenha sonhos encantadores e deixo o quarto com a luz indireta acesa, sem deixar de estar atento a cada um de seus movimentos.

Então eu me acomodo num canto da sala, recosto a cabeça em algo macio e, com a Bíblia aberta nas mãos, balbucio meu pedido:

– Pai, senta aqui comigo? Me conta uma história de você?

Contando histórias « Missão Virtual.

rosa-choque-cítrico-cheguei-fluorescente-vibrante-newage-radiativo

-Filha, que unha grande, hein?
-É né? Tô deixando crescer.
-Ah tá.

Outra coisa que acaba mudando na sua vida com o crescimento dos filhos. 😛

Antes eu tinha que ficar olhando o tamanho das unhas e cortá-las. Depois, só precisava avisar: ela começou a cortar sozinha. Agora, só dou a opinião na cor do esmalte.

Aliás, a cor do esmalte adquirida recentemente pela Srta. B é algo a parte. Vi muito essa cor na minha infância, lá na década de 80. E vi, eventualmente, nesses últimos anos, na sinalização de placas, post-it e canetas marca-texto. É um rosa-choque-cítrico-cheguei-fluorescente-vibrante-newage-radiativo.

unhas da srta. b

Essas cores berrantes estão na moda de novo. Vide a camisa do Palmeiras. Qunado era criança, usei muito um Champion troca-pulseira que tinha todo sortimento de cores chamativas que só o ser humano podia ter criado, através de manipulação de radiatividade. Na natureza não tem disso. Se um dia encontrar uma borboleta verde-marca-texto estarei no meio do holocasto nuclear.

Obs.: Depois de escrever esse post, vi que existe até um site relançando o Champion troca-pulseira. Queria um pra mim…

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Sr. Paiéquemcria resolveu encher o saco da sua filha justo no aniversário dela. Ficou meio enjoado de posts melosos.

mais tempo de licença paternidade

Continuo achando que 5 dias corridos é pouco tempo para achar o pai.

Projeto aprovado no Senado Federal no final do ano passado amplia a licença-paternidade para quatro meses em casos de falta definitiva ou eventual dos cuidados da mãe. A medida valeria para casos de doença grave ou morte da mãe, guarda exclusiva do pai ou abandono da criança pela mãe. Além disso, os pais adotivos ganhariam mais dias com os recém-chegados em caso de adoção por solteiros ou se o casal escolher que o homem tirará a licença.

via PAIS & FILHOS na internet.

novas fotos, privacidade e adolescência

Tem novas fotos da família no flickr. Clique aqui para ver.

Tem algumas fotos novas da Srta. B, a musa inspiradora original desse blog.

Reclamaram que eu estava falando pouco dela e que só escrevo sobre o Sr. D ultimamente.

Andei pensando nisso e vi que é verdade, mas tem um porquê. A Srta. B está em plena adolescência, e percebi que tudo o que quero escrever sobre nós pode invadir sua privacidade, principalmente nessa fase tão delicada…

Preciso refletir mais sobre isso, mas em breve publicarei um texto  sobre o dilema que é ouvir boa música com uma adolescente do seu lado.

Aceito sugestões.

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O Sr. Paiéquemcria tem vontade de tirar algumas estações da memória do rádio do carro. Mas não consegue.

procrastinação, overdose e resoluções de ano novo

A capa da revista Info desse mês fala de overdose de informação. Eu sofro desse mal.

O mais interessante é que padeço disso por opção, por escolha.

Antes de sair de férias, no início do mês passado, pensei que iria dar conta de toda informação que não tinha lido enquanto trabalhava. Criei uma “metodologia” para ler depois tudo que havia acumulado por alguns meses.

Tava lá, tudo guardadinho, esperando minha folga anual para ser absorvido por essa exaurida massa cinzenta.

Hoje, a dois dias do final das minhas férias, entreguei os pontos. Exclui mais da metade das minhas leituras pendentes. Isso porque mal consegui manter a regularidade do que aparecia no dia-a-dia.

Sou meio obsessivo com isso. Estou marcando 466 itens como lidos no Google Reader (isso só do que acompanho do blogroll do Paiéquemcria!!) com dor no coração. Haviam pelo menos 1500 itens não lidos de um total de 280 assinaturas de blogs e outras publicações.

O que mais me doí é “limpar” a leitura do blogroll. Acho bacana acompanhar as peripécias dos sobrinhos virtuais (desculpa Neural, gostei e vou continuar usando). Além de ser uma ótima fonte de amizades é inspiração para futuras postagens.

Em 2010 vou ser mais disciplinado nas minhas leituras e dar uma selecionada na informação que realmente é importante.

Então, fica meu abraço para todos os amigos que estão na lista de blogs na lateral.  Um feliz 2010 pra todos vocês.

Obs.: Postagem de número 50!! Parabéns pra mim!! Quem diria?

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O Sr. Paiéquemcria não consegue falar “procrastinação” rapidinho.

desejo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim, mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos que, mesmo maus e inconsequentes, sejam corajosos e fiéis.

E que pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar. E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos, nem poucos.
Mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante.
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente.
E que fazendo uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais.
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer e que sendo velho, não se dedique ao desespero. Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste.
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra, com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo,
Que existem oprimidos, injustiçados e infelizes à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato, alimento um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal.
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento.
Para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano, coloque um pouco dele à sua frente e diga “Isso é meu”.
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você.
Mas que se morrer, você possa chorar.
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo um homem, tenha uma boa mulher e que sendo mulher, tenha um bom homem.
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes.
E quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.

E se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a te desejar.

Desejo
Victor Hugo (1802 – 1885)